quarta-feira, 31 de março de 2010

Natureza, lixo, poesia

Nivaldete Ferreira
Essas tampinhas iriam para o lixo. Do lixo, para a natureza. Acabaram ficando na natureza antes de chegar ao lixo. Quem fez isso? Não se sabe. Alguém fez. Doeu no tronco do coqueiro? Também não se sabe. Mas já faz algum tempo e ele permanece bem. Bem verde. E as tampinhas não foram parar no rio...
Quer ver de perto?... Fica numa rua atrás e à esquerda do Bom Preço da avenida Roberto Freire, Natal-RN. 

Já que estamos falando de natureza, leia este poema de Manoel de Barros, de O Livro das Ignorãnças:


O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
os besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.


 


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